Na segunda-feira, dois dias após a marcha de apoio às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, intersexo e de outras identidades, a organização do evento emitiu um comunicado manifestando "profundo desagrado" e acusando a CML de desrespeito.
Em causa estão as condições proporcionadas para a concentração final, no Terreiro do Paço, que fechou a marcha que reuniu mais de 50 mil pessoas no sábado, segundo dados da organização.
"A autarquia limitou-se a instalar um minúsculo estrado de 30 centímetros de altura, sem qualquer visibilidade, sem dimensão para acolher as pessoas representantes das organizações intervenientes, incluindo as pessoas com mobilidade reduzida, sem sistema de som e sem ligação elétrica, impossibilitando uma leitura devida dos manifestos finais", denunciou a organização.
A situação já motivou um requerimento dos vereadores do P na autarquia de Lisboa, no qual recordam que a vereadora dos Direitos Sociais, Sofia Athayde, "garantiu que os meios e condições solicitados para a realização" da Marcha "seriam fornecidos", mas tal "assim não aconteceu, [...] com prejuízo evidente para o evento e para vários dos participantes".
Também os vereadores dos Cidadãos Por Lisboa na CML estão a preparar um requerimento sobre o assunto.
Questionada pela Lusa, a CML respondeu que, "em momento algum", a Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa comunicou "que o apoio prestado fosse inadequado".
Segundo a autarquia, a organização indicou que utilizaria o seu próprio equipamento de som, desde que lhes fossem cedidos pontos de energia, "o que foi prontamente assegurado".
Porém, Helder Bértolo, da comissão organizadora e presidente da Opus Diversidades, tem outra versão sobre o que se ou: só souberam na véspera, ao final do dia, que não havia sistema de som, mas que a CML garantiria a ligação elétrica ao palco.
Por outro lado, a autarquia disse que "ninguém" da organização esteve disponível para acompanhar a montagem dos pontos de energia, o que Helder Bértolo também refuta: só foram ados pelos serviços já a marcha decorria, no próprio sábado à tarde.
A autarquia garantiu ainda que disponibilizou o palco com ibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, como foi solicitado.
Segundo 'emails' a que a Lusa teve o, o primeiro o da organização da 26.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa foi feito em 14 de abril, no qual pediam "a cedência e montagem de um palco para os fins indicados, com ibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, incluindo cadeiras de rodas, equipado com sistema de som".
Em resposta enviada quase um mês depois, em 12 de maio, o Departamento para os Direitos Sociais lamentava não poder confirmar ainda a disponibilidade do palco, mas realçava que "nenhum palco tem o de cadeira de rodas", de modo que "a única solução seria um estrado, em vez de palco, com cerca de 30 centímetros de altura".
A comissão organizadora não se opôs ao estrado, "se não houver possibilidade de palco", e concedeu até que, "provavelmente", facilitaria a colocação de uma rampa para garantir o o de pessoas em cadeira de rodas.
Em resposta, a CML assinalou "que lamentavelmente não há rampas de o" e que o estrado proposto "implica sempre que alguém ajude com as cadeiras manuais", reconhecendo ainda que, "provavelmente nem todas as cadeiras elétricas poderão aceder pela mesma via, devido ao peso".
Para a organização da Marcha do Orgulho LGBTI+, o executivo autárquico liderado por Carlos Moedas demonstrou "desconsideração" pela marcha que se organiza há 26 anos, "com esforço voluntário de várias associações e coletivos de base local".
Também na segunda-feira, a organização da Marcha questionou o executivo camarário, mas ainda não obteve resposta.
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