O empresário, que prestou depoimento como testemunha da acusação na 45.ª sessão do julgamento que decorre no Tribunal de Espinho, afirmou que quem ia pagar a fatura dos móveis era a mulher de Miguel Reis.
Perante o coletivo de juízes, a testemunha explicou que quando foi entregar os móveis na casa do ex-presidente da Câmara, a esposa de Miguel Reis perguntou-lhe pela fatura, porque disse que queria pagar, tendo este respondido que o trabalho ainda não estava pronto.
"Ela ficou chateada e disse que se não apresentasse a fatura iria ter a polícia à porta e mandava os móveis para trás", afirmou.
O dono da carpintaria referiu ainda que a montagem dos móveis só ficou concluída depois das detenções feitas no âmbito da operação Vórtex, adiantando que pediu autorização ao Ministério Público para terminar o trabalho.
A testemunha referiu ainda que, até ao momento, só foi paga metade do valor total do mobiliário, adiantando que a esposa de Miguel Reis explicou que só conseguia pagar metade, porque tinha as contas arrestadas.
O carpinteiro foi ainda confrontado com a escuta de uma conversa com Francisco Pessegueiro sobre os móveis de Miguel Reis, onde o arguido diz que quer isso "pronto o quanto antes" e afirma estar "em dívida com ele", tendo a testemunha respondido: "também eu".
Questionado pelo juiz presidente, o dono da carpintaria disse que não sabia qual era a dívida que Pessegueiro tinha com o então presidente da Câmara e também não conseguiu explicar porque é que ele próprio também disse que tinha uma dívida.
"Eu não lhe devia nada a ele. Aliás, ele é que deve a mim (...) Não faz sentido nenhum. Não conhecia o senhor presidente", afirmou.
A acusação do Ministério Público diz que os móveis, no valor de 5.740 euros, foram pagos por Francisco Pessegueiro para permitir decisões céleres e favoráveis nos processos urbanísticos submetidos à Câmara de Espinho, incluindo o projeto de arquitetura do empreendimento "Golden 24".
Ainda na mesma sessão, o tribunal ouviu as primeiras testemunhas de defesa que foram arroladas pelo arquiteto João Rodrigues, entre as quais um juiz conselheiro que contratou o arguido para elaborar o projeto de arquitetura de reconstrução da sua casa no Porto.
A testemunha referiu que desconhece os factos que estão em julgamento, atestando que o arguido foi sempre "uma pessoa muito rigorosa e empenhada".
"Ele nunca sugeriu nada que extravasasse o normal acontecimento das coisas. A minha ideia sobre ele é uma ideia positiva", concluiu.
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