Sudão: 14 milhões de refugiados na "maior crise mundial de deslocações"

O número de refugiados e deslocados sudaneses superou os 14,3 milhões no final de 2024, devido aos conflitos no país, que geraram "a maior crise mundial de deslocações", denunciou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Sudão

© AFP via Getty Images

Lusa
12/06/2025 08:07 ‧ ontem por Lusa

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ACNUR

Segundo o relatório anual do ACNUR 'Tendências Globais em Deslocamento Forçado 2024', divulgado hoje, no final de 2024, o Sudão contava com 2,8 milhões de refugiados, um crescimento de 40% em relação a 2023, a esmagadora maioria (93%) nos vizinhos, sobretudo no Chade (1,1 milhões), Egito (602.700) e Sudão do Sul (487.700), e 11,6 milhões de deslocados internos, mais 2,5 milhões (28%) que no ano anterior.

 

As hostilidades em curso em todo o país desencadearam "a maior crise mundial de deslocações, com um total de 14,3 milhões de sudaneses a permanecerem deslocados no final de 2024, quase todos dentro do país ou em países vizinhos", o que representou mais 3,5 milhões do que no final de 2023, afetando cerca de um em cada três sudaneses, de acordo com a organização.

Também a situação na República Democrática do Congo (RDCongo), onde o conflito prolongado no leste do país tem sido caracterizado por contínuas violações graves e abusos dos direitos humanos contra a população civil, gerou "uma das maiores, mas também das mais ignoradas, crises mundiais de deslocação interna", salienta.

No final de 2024, 7,4 milhões de democrato-congoleses estavam deslocados à força, 8 em cada 10 dos quais permaneciam no seu país. Em 2025, o conflito agravou-se ainda mais: cerca de 140 mil pessoas tinham também fugido do país no início de maio de 2025, principalmente para os vizinhos Burundi e Uganda.

Já o Sudão do Sul depara-se com o desafio de "reabsorver os quase 750 mil refugiados sul-sudaneses que regressaram desde o início do conflito [no vizinho Sudão], em abril de 2023, 404.800 dos quais chegaram só em 2024".

No que diz respeito à região do Sahel, o ACNUR aponta que as deslocações forçadas de e para o interior da região aumentaram para 3,8 milhões de pessoas devido à intensificação dos conflitos, mais 11% que no final de 2023 e um aumento de 58% desde o final de 2020 (quando eram 2,4 milhões).

Cerca de três quartos dos deslocamentos forçados na região do Sahel ocorreram dentro dos próprios países, com perto de 2,1 milhões deles no Burkina Faso, 412.000 no Níger e 361.000 no Mali, países cujos regimes resultam de golpes de Estado e enfrentam grupos 'jihadistas' e eventos climáticos extremos.

"Em 2024, o Sahel Central contabilizava mais de metade de todas as mortes relacionadas com terrorismo e perto um em cada cinco ataques em todo o mundo", lê-se no relatório.

A nível mundial, o número de pessoas forçadas a fugir de perseguições, conflitos, violência, violações dos direitos humanos e eventos que perturbam gravemente a ordem pública aumentou em 2024, atingindo o número recorde de 123,2 milhões, um aumento de 7 milhões de pessoas ou 6% em comparação com o final de 2023. Uma em cada 67 pessoas em todo o mundo foi deslocada à força no final de 2024.

"A procura da paz deve estar no centro de todos os esforços para encontrar soluções duradouras para os refugiados e outras pessoas forçadas a fugir das suas casas", disse o comissário da ACNUR, Filippo Grandi.

Até ao final de abril de 2025, o ACNUR estima que o total de deslocações forçadas a nível mundial tenha diminuído ligeiramente em 1%, para 122,1 milhões.

No entanto, a confirmação do decréscimo vai depender da dinâmica dos principais conflitos durante o restante do ano de 2025. A ONU espera, pelo menos, uma cessação dos combates, em particular, na RDCongo e no Sudão e que a situação no Sudão do Sul "não se deteriore ainda mais".

O ACNUR salienta que 2024 registou o maior número de refugiados reinstalados em mais de 40 anos, com mais de 188.800 refugiados a poderem iniciar o processo de reconstrução das suas vidas em segurança num país terceiro.

"Os recursos para satisfazer as necessidades humanitárias urgentes, para apoiar os países de acolhimento, para proteger as pessoas dos riscos de movimentos perigosos e para ajudar os refugiados e outras pessoas deslocadas à força a encontrar soluções duradouras (...) são mais essenciais do que nunca", lê-se no documento.

"As consequências da inação serão adas por aqueles que menos as podem ar", concluiu a ONU.

Leia Também: Após ataque, exército do Sudão retira-se da fronteira com Egito e Líbia

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