"Nós estamos numa fase muito embrionária, mas a ideia é ir trabalhando [para afirmação]. Não podemos competir com os grandes agora, estamos a começar. O que temos de fazer é produzir um café com qualidade para podermos ganhar este mercado fora de Moçambique", disse o presidente da Associação Moçambicana de Cafeicultores (Amocafé) Jenaro Lopes, em entrevista à Lusa.
A produção sistematizada de café em Moçambique começou há quase cinco anos, estando concentrada, sobretudo, em Gorongosa, região centro do país.
Neste ano, no total, Moçambique espera produzir quase 100 toneladas de café, depois de ter alcançado 40 toneladas no ano ado.
A estratégia em curso conta com o financiamento de quatro milhões de euros da Agência Italiana de Cooperação, além do envolvimento de mais 2.200 famílias produtoras.
"No contexto dos 50 anos, eu acho que, no mercado de café, nós estamos a desenvolver. Nos últimos cinco ou sete anos, temos estado a estender as nossas machambas [campos agrícolas] e estamos a motivar os agricultores (...) no futuro, o café vai ter espaço para ser conhecido como um produto `Made in Mozambique´ e que é exportado", explicou à Lusa Mussa Abdul, produtor da marca Café de Ibo, produzida na província de Cabo Delgado, norte do país.
Embora o sonho de ver o país entre os principais atores continentais seja comum entre os produtores, há desafios, sobretudo para as empresas que processam o produto.
"O desafio para nós é a compra do equipamento produção, que é muito caro. Sendo que o país também não tem hábito de consumo de café, então o público ainda é reduzido (...). No entanto, desde 2020, temos estado a notar o crescimento do público", observou à Lusa Edna Katondo, coordenador do café da Gorongosa, entre os principais cafés moçambicanos e que já é exportado para diversos países, incluindo a Europa.
Além do equipamento, o quadro jurídico do país também é assumido como um desafio para incentivar a cadeia de produção, estando Amocafé em o com as autoridades para melhorar as leis.
"Existe já um documento entregue ao Governo com os termos de referência [para melhorar a industria]. Estamos agora em os com o Governo e estão previstas mais algumas conversas. A ambição é melhorar a cadeia de produção de café em Moçambique", concluiu o presidente da Amocafé.
A estratégia para o desenvolvimento desta cultura no país vai priorizar a investigação, investimento e formação de técnicos, prevendo alcançar cerca de 5.000 hectares de área de produção, num plano de 10 anos.
Em África, a Etiópia, considerado o "berço do café", é o maior produtor e, só entre 2023 e 2024, o país africano encaixou cerca de 1,4 mil milhões de dólares (1,21 mil milhões de euros) com a produção de 298.500 toneladas, segundo estatísticas oficiais.
Leia Também: Moçambique prevê produção de quase 100 toneladas de café "este ano"