O Partido Comunista Português (P) e o Bloco de Esquerda (BE) condenaram o ataque que deixou ferido, na noite desta terça-feira, um ator da companhia de teatro A Barraca, em Lisboa, com criticas ao Governo.
"Solidariedade total com Adérito Lopes, ator do teatro A Barraca agredido por neonazis. É urgente acabar com a impunidade destas associações criminosas (as tais que o Governo apagou do Relatório de Segurança Interna)", escreveu o ex-deputado António Filipe numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter).
Também a coordenadora e deputada única do BE, Mariana Mortágua, reagiu ao sucedido.
"Os neofascistas atacam os livros, o teatro e quem faz a cultura. Fazem-no porque acham que podem. O Governo do PSD retirou do relatório de segurança interna a ameaça da extrema-direita. É o maior risco à nossa democracia. Solidariedade com o teatro d’A Barraca. Vamos à luta", escreveu a bloquista na mesma rede social.
De realçar que o ator Adérito Lopes foi agredido, esta terça-feira, num ataque que levou ao cancelamento de uma sessão da peça 'Amor é um fogo que arde sem se ver', um espetáculo d'A Barraca no Teatro Cinearte, confirmou a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra.
Em declarações à RTP3, Maria do Céu Guerra disse que o ataque foi perpetrado por "um grupo de pessoas que vinha de uma manifestação no Martim Moniz".
A encenadora e diretora da companhia apontou que na origem do ataque estão "motivações politicas". O grupo deixou um papel onde se lia: "Remigração. Portugal aos 'portuguezes'", associado ao grupo ultranacionalista Reconquista. Gritaram ainda frases como "defende o teu sangue".
Após o ataque, os suspeitos "fugiram" e pelo menos uma pessoa terá sido detida pela Polícia de Segurança Pública (PSP). O Notícias ao Minuto entrou em o com a força de segurança que recusou, para já, adiantar qualquer informação.
Note-se que em abril, após o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) ter sido enviado para a Assembleia da República e publicado no 'site' do Governo, o Bloco de Esquerda pediu esclarecimentos ao Governo sobre o desaparecimento da versão final do capítulo dedicado a organizações extremistas.
Numa resposta enviada à Lusa na altura, o Sistema de Segurança Interna (SSI) itiu que existiu uma "versão de trabalho" do RASI que incluía informação sobre organizações extremistas, diferente da "versão oficial" apresentada na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna.
"Qualquer outra versão a que a comunicação social possa ter tido o respeita a uma versão de trabalho sujeita a discussão e reformulações no Gabinete Coordenador de Segurança e no Conselho Superior de Segurança Interna", referiu o SSI, responsável pela elaboração do RASI.
O SSI esclareceu ainda que a versão publicada no 'site' do Governo corresponde à versão apresentada na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna e à versão enviada aos deputados do parlamento, não tendo esclarecido o motivo pelo qual foi retirada a informação sobre organizações extremistas da versão de trabalho.
O assunto levou a que também o Partido Socialista (PS) pedisse esclarecimentos ao Governo sobre as diferentes versões do RASI.
Ainda em abril, PSD, CDS e Chega rejeitaram um requerimento do BE para que a comissão permanente da Assembleia da República debatesse, com a presença do Governo, a eliminação de um capítulo dedicado a organizações extremistas na versão final do RASI 2024.
Esta rejeição foi fortemente criticada por PS, P e Livre, que acusaram PSD, CDS-PP e Chega de terem a "segurança na boca", mas não a quererem debater no parlamento.
[Notícia atualizada às 23h51]
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