Em declarações à Lusa em Newark, nos Estados Unidos, onde participa hoje nas celebrações do Dia de Portugal, Marques Mendes itiu que os emigrantes com quem se cruzou não percebem a dualidade de critérios de poderem votar por correspondência nas eleições para deputados, mas não para as presidenciais.
"As pessoas queixam-se muito, e com razão, que o voto devia ser eletrónico. E eu acho que sim. Quer em Portugal, quer fora de Portugal, já podia ser um voto eletrónico. Mas, sobretudo, as pessoas queixam-se de que há dois pesos e duas medidas", começou por dizer.
"Nas eleições para deputados, as pessoas votam por correspondência, o que é mais fácil. Nas eleições para Presidente da República, têm de ir ao consulado votar, o que é mais difícil. E as pessoas não percebem esta dualidade de critérios. E sentem que isto é uma discriminação", afirmou.
Nesse sentido, o candidato garantiu que fará "um apelo aos partidos na Assembleia da República e um apelo ao Governo, para que daqui até janeiro do próximo ano ainda possam mudar a lei eleitoral, pelo menos, para garantir a mesma coisa que acontece na eleição do deputado: o voto por correspondência".
O antigo presidente do PSD considera ainda existir tempo suficiente para proceder a essa alteração a tempo das presidenciais, agendadas para janeiro do próximo ano.
"Portanto, se os partidos se entenderem na Assembleia da República, eu julgo que ainda é possível fazer esta alteração à lei. E vou sugerir isso mesmo. A questão não é do interesse do candidato A ou B. É do interesse de Portugal. E é, sobretudo, do interesse de Portugal satisfazer os maiores anseios das comunidades portuguesas dispersas pelo mundo", acrescentou.
Newark, cidade no estado norte-americana de Nova Jérsia, acolhe hoje o tradicional desfile do Dia de Portugal, que percorrerá a Ferry Street - também conhecida como o coração do 'Little Portugal' devido à significativa comunidade portuguesa lá residente.
Tradicionalmente, as ruas de Newark recebem uma enchente de pessoas, maioritariamente portugueses vestidos a rigor com as cores da bandeira nacional, para assistir ao desfile do Dia de Portugal.
Além da questão do voto, Marques Mendes, que ou o dia junto das comunidades e assistiu ao desfile, disse sentiurpor parte da diáspora uma preocupação de "caráter estrutural", nomeadamente em relação à diminuição do apoio à educação, formação e ensino do português nos Estados Unidos.
O candidato presidencial assumiu que a comunidade "tem feito muito por ela própria", para manter algumas escolas que ensinam português em funcionamento, tendo considerado "fundamental" que o Estado português faça esse investimento.
"Todos se queixam que Portugal já apoiou mais do que apoia agora. Deram-me até um exemplo. Portugal mandava, periodicamente, uma boa quantidade de livros para esta cidade. E, ultimamente, isso desapareceu", explicou, sobre as queixas que recebeu na sua agem por Newark.
"Esta é uma queixa recorrente. As pessoas querem que as várias gerações continuem a saber português, a aprender português. E este é um investimento fundamental do Estado português", frisou.
Se for eleito Presidente da República, essa será uma das suas "prioridades", prometeu, em declarações à Lusa no centenário Sport Club Português de Newark, onde almoçou com membros da comunidade portuguesa.
"Porque nós não somos um território, somos uma nação. Somos 10 milhões em Portugal, mas cinco milhões um pouco por todo o mundo. Mas só somos essa diáspora forte se o ensino do português estiver muito vivo e atual", sublinhou.
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