"Não me parece que haja outra solução de Governo que não aquela que dimana da vontade livre democrática e convicta do povo português", afirmou Luís Montenegro, no final da noite eleitoral, quando questionado pelos jornalistas sobre as condições de governabilidade.
Para o líder da AD, do ponto de vista aritmético, apenas haveria outra possibilidade de Governo, que aria por uma coligação entre PS e Chega, que não considerou "um cenário crível".
Já à pergunta se mantém o "não é não" ao partido liderado por André Ventura, Montenegro respondeu: "Quanto aos nossos compromissos já mostrámos que temos palavra e que cumprirmos a nossa palavra".
O líder do PSD disse não querer teorizar sobre o que outros partidos transmitirão ao Presidente da República, expressando a sua posição geral.
"Dentro do cumprimento dos compromissos que assumi em nome da AD e dentro do espírito do 'sim é sim' a Portugal, tenho a certeza que vai acabar por imperar o sentido de responsabilidade, não só para a assunção plena de poderes do Governo, mas de condições de execução do programa do Governo em quatro anos", disse.
Questionado se a dimensão da sua vitória configura a "maioria maior" que pediu na campanha -- a AD elegeu pelo menos mais 9 deputados, quando faltam apurar os círculos da emigração -, Montenegro defendeu que esta coligação teve "mais votos, mais mandatos" e multiplicou por "dez a diferença entre o primeiro classificado e o segundo classificado nestas eleições".
"Esta maioria é uma maioria maior do que aquela que tínhamos há um ano atrás", salientou.
O líder da AD defendeu que cabe a todos garantir que haja estabilidade política no país, e desafiou as oposições que não entenderam que o resultado de domingo foi um reforço da confiança na AD a apresentar "conclusões alternativas".
"Aqueles que acreditam que o povo português não disse isto, então digam o que é que o povo português disse. Disse o quê? Disse que as oposições se devem juntar todas e boicotar o prosseguimento do trabalho deste Governo? Devem juntar-se todas e formar um Governo alternativo? Se foi isso, eu sou um democrata, e sou um formalista já agora também. Se foi isso, apresentem essa alternativa", apelou.
E deixou um alerta: "Se nós não formos capazes, todos, todos, todos os partidos e todos os órgãos de soberania, se não formos capazes de perceber isto, sinceramente não nos mostramos capazes de perceber a raiz da pronúncia do povo".
Questionado sobre a dimensão do reforço do Chega, que pode ar a segunda força política em Portugal, à frente do PS, Montenegro recusou assumir "o papel de analista e comentador político", reiterando que as eleições significaram uma mensagem de confiança no Governo e no atual primeiro-ministro.
"Aquilo que é a distribuição pelas oposições da respetiva representatividade, eu deixo não só aos analistas e àqueles que fazem o comentário, mas também aos próprios responsáveis desses partidos que devem tirar as ilações dos resultados que obtiveram".
A AD - Coligação PSD/CDS venceu as eleições legislativas de domingo, com 89 deputados, se se juntarem os três eleitos pela coligação AD com o PPM nos Açores, enquanto PS e Chega empataram no número de eleitos para o parlamento, 58.
A Iniciativa Liberal continua a ser a quarta força política, com mais um deputado (9) do que em 2024, e o terceiro lugar é do Livre, que ou de quatro a seis eleitos.
A CDU perdeu um eleito e ficou com três parlamentares, enquanto o Bloco de Esquerda está reduzido a uma representante enquanto o PAN manteve um deputado.
O JPP, da Madeira, conseguiu eleger um deputado.
Estes resultados não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidos a 28 de maio.
[Notícia atualizada às 01h55]
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