O principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, Christian Brückner, escreveu uma carta a provocar a polícia numa altura em que os investigadores alemães acabaram de regressar de Lagos, no Algarve, onde estiveram a fazer buscas nos últimos dias, em conjunto com a Polícia Judiciária (PJ).
Na carta, divulgada pelo tabloide britânico The Sun, o pedófilo alemão vangloria-se de a polícia não ter provas para fundamentar as acusações no caso da criança desaparecida em Portugal e diz que o encerramento da investigação "atingiria o mundo como uma bomba".
"Há algum corpo? Não, não, não", escreveu Christian Brückner, acrescentando que as questões "importantes e decisivas" sobre o seu envolvimento no desaparecimento de Madeleine ficaram sem resposta.
O homem, de 48 anos, está atualmente a cumprir pena numa prisão da Alemanha pelo crime de violação e deve ser libertado em setembro.
"Existem outros vestígios e provas de ADN que indiquem que fui eu? Fotografias? Tudo não, não, não", afirmou o alemão, argumentando também que é preciso ser "realista" e prevendo que a investigação "será arquivada".
O pedófilo é apontado como suspeito no caso há cinco anos e a polícia alemã acredita que é um dos responsáveis pelo desaparecimento da criança britânica por terem encontrado provas circunstanciais num antigo armazém que Christian Brückner comprou em 2008, um ano depois de Maddie ter sido vista pela última vez.
Nesse local, a polícia encontrou documentos "horríveis" e "perturbadores" como fotografias, fatos de banho, brinquedos de criança, ficheiros com imagens de abusos e registos de conversas, através do Skype, com outros pedófilos que levaram os investigadores a acreditar que Maddie foi morta.
Nestas mais recentes buscas por Maddie, que terminaram na quinta-feira, as autoridades portuguesas e alemãs encontraram apenas ossadas de animais e roupa de adulto que, à partida, não são provas relacionadas com o desaparecimento da menina britânica.
Contudo, fonte da polícia portuguesa disse à Lusa que todos os elementos apreendidos durante as buscas serão entregues às autoridades alemãs mediante autorização do Ministério Público português.
Christian Brückner foi, em 2023, constituído arguido pelo desaparecimento da menina inglesa. É que, de acordo com as autoridades, o alemão terá vivido no Algarve entre 1995 e 2007, sendo que registos telefónicos colocam-no na área da Praia da Luz no dia em que a criança desapareceu.
Já no ano ado, o homem foi considerado inocente da prática de três crimes de violação e de dois de abuso sexual de menores, alegadamente cometidos entre 2000 e 2017, no Algarve. A defesa alegou que Brückner estava apenas a ser julgado pela sua ligação ao caso de Madeleine, argumento com o qual o tribunal de Braunschweig concordou.
Recorde-se Madeleine McCann desapareceu a 3 de maio de 2007, poucos dias antes de fazer quatro anos, do quarto onde dormia com os irmãos gémeos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz.
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