Num comunicado, o CICV afirmou que "a desnutrição infantil grave aumentou em toda a Somália", e adiantou que os centros de saúde apoiados pela organização registaram um número recorde de internações, desde a seca devastadora de há dois anos.
Só em maio, o centro de estabilização do Hospital Geral na cidade costeira de Kismayo, no sul do país, recebeu 277 crianças gravemente doentes, o maior número mensal desde 2023.
Entre janeiro e maio, o centro itiu 863 pacientes, um aumento de quase 70% em comparação com os cinco meses anteriores.
As clínicas em ambulatório, como a de Kismayo, oferecem um tratamento, que salva vidas, para crianças menores de 5 anos que sofrem de complicações médicas causadas pela fome.
No entanto, esses serviços estão em falta, pois as clínicas de nutrição, que antes desempenhavam um papel fundamental na prevenção da desnutrição generalizada, estão a fechar devido a cortes de financiamento, deixando famílias vulneráveis sem o a cuidados precoces. O aumento das necessidades ocorre num momento em que se intensifica conflito, os deslocamentos em massa e a um ciclo de enchentes e secas que está a levar as comunidades "à beira do abismo", de acordo com o CICV.
"O conflito está a desenraizar as famílias, as enchentes estão a destruir as plantações e algumas áreas já foram atingidas pela seca", afirmou o chefe da delegação do CICV na Somália, Antoine Grand.
"Os pais simplesmente não têm condições de comprar alimentos e as crianças pequenas são as primeiras a morrer de fome", disse Grand.
De acordo com a organização, as projeções humanitárias revistas estimam que a insegurança alimentar se agravará nos próximos meses, e "espera-se que cerca de 47.000 crianças sofram de desnutrição aguda".
A Somália está num estado de conflito e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um Governo efetivo e nas mãos de milícias islâmicas e senhores da guerra.
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