"Os abismos não estão à venda, assim como a Gronelândia não está à venda, nem a Antártida ou o alto mar estão à venda", afirmou o Presidente francês na abertura da conferência da ONU sobre os oceanos em Nice (sudeste da França).
"Antes de nos precipitarmos para a exploração de Marte, é melhor conhecermos o nosso melhor amigo, que é o oceano", acrescentou, aludindo novamente a palavras de Trunp, que se opõe à exploração do fundo do mar, mas quer acelerar a corrida ao planeta vermelho.
Além disso, insistiu nas críticas a Trump, frisando que o papel dos oceanos ou nas alterações climáticas "não é uma questão de opinião, mas sim de factos científicos".
Num discurso incisivo, Macron falou da necessidade de preservar "uma ciência livre e aberta", noutra alusão à istração norte-americana, e defendeu ter chegado a hora de "reforçar o multilateralismo".
O Presidente francês antecipou que será cumprido um dos principais objetivos desta cimeira, o de ratificar, pelo menos por 60 países, o Acordo sobre a Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Marinha Além das Jurisdições Nacionais (BBNJ, na sigla em inglês), aprovado pela ONU em setembro de 2023.
Macron lembrou que a proteção do oceano é fundamental para o clima e a biodiversidade, mas também para os 3.000 milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras e insulares, afetadas pelo aumento do nível da água devido ao degelo dos polos.
"Essas pessoas serão as primeiras vítimas, muitos deles de Estados africanos, que vieram em grande número», disse Macron.
Sobre a ratificação do Tratado do Alto Mar, Macron adiantou que além das 50 ratificações já apresentadas nas últimas horas, 15 outros países comprometeram-se formalmente a aderir.
Macron acrescentou que "o acordo político foi alcançado", o que permite dizer que o Tratado de Alto Mar "será devidamente implementado", sem especificar um calendário.
O Acordo sobre Proteção da Biodiversidade Marinha em Áreas para além da Jurisdição Nacional (BBNJ) resultou de quase 20 anos de discussões e pretende a conservação e utilização sustentável da biodiversidade marinha.
É um documento juridicamente vinculativo de proteção das águas internacionais, que estão fora da área de jurisdição nacional, correspondendo a cerca de 70% da superfície da Terra.
O tratado, assinado em 2023, entrará em vigor 120 dias após a 60.ª ratificação.
Portugal já ratificou o tratado.
Leia Também: Tratado de Alto Mar. Macron espera que tenha "ratificações" necessárias