A primeira vítima mortal foi registada no ponto de distribuição de Wadi Gaza, no centro da Faixa de Gaza.
Civis famintos acorreram a este local depois de a Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada pelos Estados Unidos e responsável pela sua gestão, ter anunciado nas redes sociais que o centro abriria às 05:00, após ter estado encerrado durante todo o dia anterior.
Após uma hora de distribuição de alimentos, a GHF anunciou que o centro seria novamente encerrado.
Nesse momento, registaram-se distúrbios e seguranças norte-americanos da fundação lançaram gás pimenta contra o grupo de habitantes de Gaza. Pouco depois, o exército israelita abriu fogo nas imediações do ponto de distribuição, segundo testemunhas.
Os disparos causaram a morte a uma pessoa e provocaram ainda 15 feridos, que foram transportados para o hospital al-Awda, em Nuseirat (centro da Faixa de Gaza), indicaram fontes hospitalares.
Vários residentes disseram à EFE que há uma discrepância entre os horários anunciados pela GHF para recolher alimentos e os toques de recolher impostos pelo exército israelita nestas zonas, consideradas "áreas militares", o que coloca as suas vidas em risco.
As outras quatro vítimas mortais foram registadas nas imediações do centro de distribuição de Tel al-Sultan, na cidade de Rafah, no sul da Faixa, onde muitos civis se concentraram por volta das 05:00, na expectativa de que esse centro, tal como o de Wadi Gaza, reabrisse.
O responsável pelo registo de vítimas do Ministério da Saúde de Gaza, Zaher al-Waheidi, confirmou à agência noticiosa espanhola EFE os quatro mortos junto ao centro de Rafah.
Fontes médicas indicaram ainda que cerca de 70 pessoas ficaram feridas na mesma zona, tendo sido transferidas para o hospital Naser, nas proximidades.
No sábado, a fundação privada explicou que não conseguiu abrir os centros devido a ameaças do grupo Hamas. Segundo a GHF, o grupo islamita estará a tentar boicotar o projeto para manter o controlo sobre a distribuição da ajuda humanitária no enclave.
A ONU e a maioria das organizações humanitárias rejeitaram este sistema, alegando que obriga os palestinianos a percorrer quilómetros para obter ajuda em poucos pontos (anteriormente, a ONU e outras entidades distribuíam alimentos em cerca de 200 locais ao longo da Faixa de Gaza) e que carece da neutralidade necessária.
A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes realizado a 07 de outubro de 2023 por comandos do movimento islâmico palestiniano Hamas infiltrados a partir da Faixa de Gaza, vizinha do sul de Israel. O ataque provocou, segundo Israel, mais de 1.200 mortes e o sequestro de cerca de 250 pessoas.
Israel lançou uma ofensiva de retaliação destrutiva em Gaza, que mantém sitiada desde o início da guerra, com o objetivo declarado de assumir o controlo do território, destruir o Hamas e forçá-lo a libertar os reféns sequestrados no dia do ataque e levados para Gaza.
A retaliação israelita já provocou quase 55.000 mortos, na maioria civis.
Leia Também: Novo balanço dos ataques israelitas a Gaza aponta para 35 mortos