"São 40 anos de ilusão, de mentira, 40 anos a transformar este país num 'resort' turístico e numa escola profissional que está a formar e bem médicos, enfermeiros, engenheiros, eletricistas, canalizadores, a formar esta gente toda, para os exportar para outros países poderem cá vir buscar mão-de-obra altamente qualificada, para fazer crescer a economia noutros países", lamentou.
Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas em Avis, distrito de Portalegre, à margem da apresentação do candidato daquela coligação ao município nas eleições autárquicas deste ano, lamentou que nos discursos proferidos para assinalar os 40 anos da adesão à UE, "nem sequer uma palavra" foi proferida sobre as promessas que foram feitas na altura e que não foram cumpridas ao longo dos anos.
O líder comunista referia-se às promessas feitas há 40 anos de que os salários dos portugueses seriam iguais aos dos outros países europeus, acrescentando, de seguida, que a adesão à UE também "destrui" o tecido produtivo nacional, frota pesqueira, a agricultura e os serviços públicos.
"Os discursos foram todos muito bonitos, foram todos de grande esplendor, mas completamente fora da realidade do nosso país, num quadro de uma UE onde hoje, e sobre isto também não houve uma única palavra, onde hoje estamos perante um profundo cinismo e hipocrisia de um conjunto de estados que não consegue uma única ação, desde logo e em particular, ao genocídio que está em curso na Palestina", disse.
"É inacreditável o grau de hipocrisia e de cinismo da própria UE", acrescentou.
Recordando ainda os problemas que o país vive em áreas, como a saúde, educação e habitação, Paulo Raimundo disse que "poderíamos ter feito mais" ao longo de 40 anos, lamentando de seguida que o país tenha perdido a sua soberania ao longo dos anos.
"O país perdeu soberania para definir o seu próprio caminho, perdeu soberania para investir onde entende que era necessário investir, foram-se os dedos, foram-se os anéis", lamentou.
O dirigente comunista apresentou hoje como candidato da CDU à Câmara de Avis Manuel Coelho, de 57 anos, que foi presidente daquele município entre 2013 e 2021.
A Câmara de Avis é considerada um "bastião comunista" no distrito de Portalegre porque, desde 1976, quando se realizaram as primeiras eleições autárquicas depois do 25 de Abril, tem sido sempre governada pelo P ou por coligações encabeçadas por este partido.
O município é, atualmente, liderado pelo comunista Nuno Silva, que está a cumprir o terceiro e último mandato.
Além da CDU, já foi também anunciada a candidatura do gestor de logística e exportação Ricardo Pereiro, de 42 anos, pelo movimento Grupo de Cidadãos por Avis (GCA).
O atual executivo municipal é constituído por três eleitos da CDU, um do PS e um do GCA.
As eleições autárquicas deste ano devem realizar-se entre os meses de setembro e outubro.
Leia Também: Agressão a ator? Governo "vai ter de retificar" RASI