Representante da República lamenta morte de padre Martins Júnior

O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, manifestou hoje pesar pela morte do padre Martins Júnior, realçando a sua "relevantíssima atividade" como político e a sua ação como padre, "tantas vezes polémico".

Ireneu Barreto

© Global Imagens

Lusa
13/06/2025 12:18 ‧ ontem por Lusa

País

Madeira

O padre madeirense Martins Júnior, que esteve suspenso 'a divinis' durante 42 anos, morreu na noite de quinta-feira aos 86 anos, indicou a diocese do Funchal, numa publicação no 'site' oficial.

 

O juiz conselheiro, através de uma nota enviada às redações pelo seu gabinete, destaca o trabalho do padre, nascido em 1938, e salienta que foi uma "figura incontornável da história da Região Autónoma da Madeira ao longo das últimas seis décadas".

"Defensor da liberdade, da democracia e da participação cívica, antes e depois da Revolução de Abril de 1974, sempre se bateu, de forma corajosa, pela melhoria de vida dos mais carenciados e humildes da nossa sociedade, na Ribeira Seca, em Machico e na nossa Região", escreve o gabinete do represente da República.

A par da sua ação como padre, "tantas vezes polémico", José Martins Júnior "desenvolveu uma relevantíssima atividade como político, escritor, poeta, músico e promotor cultural, com diversas obras fundamentais para a defesa das tradições regionais".

"Pelo conjunto da sua intervenção cívica, o padre Martins Júnior foi distinguido pelo Presidente da República, em 1995, com a Ordem do Mérito", destaca ainda o gabinete de Ireneu Barreto, apresentando as condolências à família e amigos.

Nascido em 16 de novembro de 1938 e ordenado padre em 15 agosto de 1962, Martins Júnior foi suspenso "a divinis" em julho de 1977 pelo então bispo do Funchal Francisco Santana, mas nunca deixou de prestar serviço religioso naquela paróquia, para a qual fora designado em 1969.

O sacerdote dedicou-se desde cedo à política e entrou em rota de colisão com as autoridades eclesiásticas, mas continuou a ter o apoio da população local e realizava os serviços religiosos, batismos e casamentos.

Em junho de 2019, o atual bispo da diocese do Funchal, Nuno Brás, anunciou a revogação da suspensão, uma medida com grande impacto mediático ao nível regional, e nomeou Martins Júnior paroquial da Ribeira Seca, situação que se manteve até à tomada de posse do novo pároco, o cónego Manuel Ramos, em fevereiro de 2023.

"Era um caso muito particular", disse na altura Nuno Brás, sublinhando que a revogação da suspensão era uma medida "exigida quase por toda a gente" e que "foi até relativamente fácil tomar essa decisão".

Martins Júnior fora suspenso por se ter recusado a entregar a chave da igreja da Ribeira Seca ao bispo Francisco Santana e participou ativamente na vida pública e política regional como presidente da Câmara Municipal de Machico pela UDP (1989) e pelo PS (1993), e como deputado na Assembleia Legislativa da Madeira, tendo sido eleito quatro vezes nas listas da UDP e três nas do PS.

Antes de celebrar a sua última missa, em 05 de fevereiro de 2023, o sacerdote declarou à imprensa regional que, durante o seu percurso, serviu o povo de Deus e não a Igreja Católica.

Leia Também: Morreu padre madeirense Martins Júnior. Tinha 86 anos

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