"A questão real para nós é, acima de tudo, o Kosovo", disse Vucic, ao intervir num dos painéis do fórum de segurança Globsec, a decorrer em Praga.
O líder populista-nacionalista, que domina a cena política sérvia desde 2012, referiu-se assim ao estancamento do processo de integração do seu país na UE, bem como do Kosovo, devido à falta de progressos nas negociações para normalizar as relações entre ambas as partes.
Embora até agora a Sérvia se mantenha firme na sua recusa em reconhecer a independência proclamada unilateralmente pelo Kosovo em 2008, Bruxelas promove o diálogo entre Belgrado e Pristina, exigindo que avancem nesse processo para poderem integrar-se no bloco comunitário.
Vucic assegurou que a perda de popularidade da UE entre a população sérvia não está relacionada com os tradicionais laços de amizade da Sérvia com a Rússia, embora, no contexto da guerra na Ucrânia, se verifique uma divergência nas posições ocidentais sobre a integridade territorial do país atacado.
"Temos a mesma proximidade com a Rússia que há 20 anos, e então 80% da população era a favor da UE, e agora é 40%", afirmou.
"Quando se fala da integridade territorial na Ucrânia, ninguém na Sérvia consegue explicar o que se a com a sua integridade territorial", afirmou o político do Partido Progressista (SNS), referindo-se ao facto de a maioria dos parceiros da UE ter reconhecido a soberania do Kosovo.
"Nós guiamo-nos pela Carta das Nações Unidas e pela resolução [da ONU] 1244, que define [o Kosovo] como parte da Sérvia, e 22 dos 27 países da UE reconheceram-no como independente" acrescentou.
Mais de cem países reconhecem a soberania kosovar, entre eles os Estados Unidos, enquanto entre os 27, apenas Espanha, Grécia, Roménia, Eslováquia e Chipre ainda não o fizeram, assim como a Rússia e a China.
Na opinião de Vucic, a referida resolução das Nações Unidas "não interessa a ninguém".
O Presidente sérvio itiu que nesta questão prevalece uma falta de confiança entre Belgrado e a UE, e mostrou-se inclinado a tentar melhorar as coisas.
"Temos de mostrar mais respeito uns pelos outros, e talvez seja culpa minha que a UE não seja tão popular na Sérvia como era antes", reconheceu.
"Talvez eu deva mudar a minha própria atitude, as minhas próprias posições e criar, pelo menos, em certo sentido, uma propaganda melhor ou mais bonita para a UE, para vender as suas vantagens económicas e políticas", comentou.
A Sérvia condenou a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia, mas até agora recusou-se a alinhar-se com a política externa da UE e a aderir às sanções comunitárias impostas a Moscovo.
Recentemente, Vucic provocou um forte mal-estar em Bruxelas por ter viajado para Moscovo para participar, no dia 9 de maio, nas comemorações do 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.
Este país dos Balcãs Ocidentais é candidato à adesão ao bloco europeu desde março de 2012, mas a questão do Kosovo e a falta de cumprimento das sanções à Rússia têm dificultado as negociações com a UE.
Leia Também: Milhares exigem eleições legislativas antecipadas na Sérvia