"A este nível, não veríamos valor para os nossos investidores", disse, numa entrevista à estação norte-americana CNBC, citada pela Europa Press, apontando que o Unicredit está "muito satisfeito" com o lucro obtido através da sua participação no Commerzbank.
Orcel registou que, assim, o Unicredit continua "muito longe" de uma oferta de fusão e que vai procurar "uma solução construtiva" face à oposição do Governo alemão.
"Há muita atividade direcionada para manter o preço das ações num nível superior ao habitual, mas somos pacientes", apontou.
As ações daquele que é o segundo maior banco na Alemanha cresciam hoje cerca de 0,4%, tendo valorizado 79,4% desde o início do ano.
Segundo a Europa Press, Orcel diz que o Unicredit foi convidado a lançar uma oferta sobre o Commerzbank, mas que a instituição italiana encontrou resistência do banco alemão e de Berlim.
O novo Chanceler alemão, Friedrich Merz, já mostrou a sua oposição à compra do Commerzbank pelos italianos, enviando uma carta ao presidente do banco alemão, Sascha Uebel, em que classificou as ações do Unicredit como hostis e inaceitáveis.
O Unicredit recebeu em abril autorização do regulador da concorrência da Alemanha para aumentar a sua participação no banco em até 29,99% do capital e dos direitos de voto, seguindo a aprovação pelo Banco Central Europeu (BCE), em março.
O aumento da participação do Unicredit no Commerzbank para 29,9% põe o banco italiano à beira de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), aos 30,0%.
Por agora, Andrea Orcel afastou uma decisão e remeteu para o verão.
Um dos principais bancos de Itália, o Unicredit tem operações fortes em vários países europeus, tem feito várias movimentações que estão a agitar o setor bancário europeu, sendo a principal a aquisição de uma posição importante no alemão Commerzbank, que relançou o tema das fusões transfronteiriças na banca europeia e abriu uma brecha nacionalista entre Roma e Berlim.
A perda de controlo do Commerzbank faz recrudescer os receios de perda de empregos e de problemas económicos na Alemanha, desde logo por poder dificultar o financiamento às pequenas e médias empresas.
O Unicredit também está a tentar adquirir o banco italiano BPM - Banco Popolare Milano, numa operação avaliada em 10 mil milhões de euros. O BPM tem dito que uma fusão com o Unicredit implicaria a perda de 6.000 empregos.
Hoje, na sua intervenção na Goldman Sachs European Financial Conference 2025, Orcel ameaçou retirar a OPA sobre o BPM caso o Governo italiano não esclareça as condições do mecanismo que permite restrições em setores estratégicos.
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