O Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), órgão estatal que financia projetos e empresas do país, iniciou uma negociação com as três companhias aéreas para a concessão de uma linha de crédito capaz de impedir que as empresas tenham o mesmo destino que a Avianca Brasil, que declarou falência no ano ado.
Segundo a proposta, espera-se que cada companhia aérea receba até 2 mil milhões de reais (cerca de 343 milhões de euros) em recursos, uma oferta que também prevê a participação de instituições financeiras privadas.
A subsidiária brasileira da Latam manifestou interesse na proposta do BNDES, mas afirmou que as partes ainda não chegaram a um acordo e ainda estão em negociação.
A Latam, maior grupo de transporte aéreo da América Latina, pediu falência nos Estados Unidos da América na terça-feira devido ao impacto do novo coronavírus, mas não incluiu suas subsidiárias na Argentina, Paraguai e Brasil no processo.
A Gol, líder do mercado doméstico brasileiro, enfatizou que a confirmação das negociações com o banco de desenvolvimento "não representa aceitação dos termos propostos pelo BNDES e pelo sindicato dos bancos, que serão objeto de discussões e negociações entre as partes" ao longo da semana.
Já a Azul se recusou a fazer qualquer tipo de comentário e disse apenas que "continua negociando a proposta do Governo brasileiro".
Nesse cenário, a agência de classificação de risco Fitch destacou recentemente a importância das negociações das companhias aéreas com o BNDES, perante a "alta incerteza sobre a magnitude e duração da erosão do fluxo de caixa nos próximos 12 meses".
"Essa entrada de caixa é uma consideração importante de crédito no momento e qualquer atraso significativo ou falha em chegar a um acordo pode levar a ações adicionais de classificação", disse a Fitch, que na semana ada rebaixou as notas da Gol e da Azul.
À semelhança de outros países, o setor aéreo brasileiro foi um dos que mais sentiu a pressão sufocante da crise provocada pela pandemia de covid-19, com uma queda de 92% no tráfego doméstico e 100% no tráfego internacional, de acordo com a Associação Brasileira de Companhias Aéreas (Abear).
A pandemia forçou o setor a rever as previsões otimistas que tinha no início do ano, quando projetava um crescimento entre 6% e 9% em termos de procura.
"É impossível fazer projeções, quem está fazendo isso [pratica] futurologia", disse o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.
Apesar das dificuldades e desafios, Sanovicz enfatizou que o setor entrou na crise do novo coronavírus com "bons músculos" após a saída da Avianca do mercado brasileiro.
Já o Governo brasileiro confirmou que entrou em alerta após o pedido de recuperação judicial da Latam, mas disse estar confiante de que a linha de crédito negociada pode dar tempo às empresas.
"Estou certo de que essa linha de crédito será fundamental, mais um o na ajuda do Governo às empresas de aviação", afirmou o ministro da Infraestrutura do Brasil, Tarcisio Gomes de Freitas.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 350 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.