Menino de Cascais conquistou a Europa. O que é feito de Paulo Ferreira?
Antigo internacional português é o protagonista da 38.ª edição da rubrica 'O que é feito de...?' do Desporto ao Minuto.

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O que é feito de...?
Foi no seio de uma família modesta que nasceu Paulo Ferreira. Muito por influência dos irmãos mais velhos, o antigo jogador foi jogar para o Alcabideche aos dez anos, onde encontrou o também cascalense Hugo Leal. Começou por ser líbero e rapidamente deu o 'salto' para um clube mais perto de casa.
O ex-internacional português integrou a formação do Dramático de Cascais em 1989/90 na equipa de sub-13. Jogou a 10, a extremo e em outras posições, o que chamou a atenção do Estoril-Praia. O treinador José Santos levou-o para o emblema de Cascais, o clube em que se viria a tornar profissional de futebol aos 18 anos.
A estreia aconteceu na época 1997/98. Paulo Ferreira foi utilizado num jogo da II Liga contra o União de Lamas, antes de se estabelecer no Estoril com 15 jogos na temporada seguinte. A temporada 1999/00 marcou uma mudança no percurso do ex-jogador. Habitual titular nos canarinhos na posição de médio, o cascalense começou a ser chamado às seleções jovens de Portugal... mas foi também nesta época que foi chamado à tropa. Seis meses a cumprir serviço militar obrigatório quebraram a evolução.
Paulo Ferreira ao lado de Jorge Andrade e Maniche© Getty Images
A ligação ao futebol do concelho de Cascais terminou na viragem do milénio. Ainda sem se ter estreado na I Liga, Paulo Ferreira chegou ao Vitória FC pela mão de Rui Águas. O clube de Setúbal tinha descido à II Liga e almejava a promoção no início de século. A mudança de equipa técnica nos sadinos também influenciou o antigo futebolista.
Rui Águas foi demitido e para o seu lugar chegou Jorge Jesus. Paulo Ferreira jogava como extremo-esquerdo e o amadorense puxou-o para o lado direito da defesa. Na nova posição, que já conhecia dos tempos da seleção sub-21, atingiu o nível que o atirou para patamares que o então jovem jogador ainda não tinha alcançado.
O impacto nos sadinos foi impressionante. Paulo Ferreira foi um dos esteios da formação de Setúbal e ajudou-a a carimbar o regresso à I Liga. No verão de 2001 chegou uma chamada do Sporting ao Bonfim, mas os leões não chegaram a um acordo de valores com o Vitória FC. O 'salto' para os denominados grandes ficou suspenso... por um ano. Em pleno verão de 2002, o FC Porto pagou dois milhões de euros pelo jovem lateral-direito que se juntou na Invicta a José Mourinho, acabado de chegar. E nem os dois imaginavam o que aí vinha.
Paulo Ferreira atingiu o topo europeu no FC Porto© Getty Images
Paulo Ferreira chegou ao FC Porto com a difícil missão de substituir Ibarra e tinha como o seu principal concorrente o experiente Carlos Secretário. A pré-época de 2002 rendeu-lhe o lugar como titular, que não mais perdeu durante as duas épocas em que brilhou de dragão ao peito. Foram dois anos de sonho para o jovem cascalense. Fechou a época 2002/03 com a dobradinha - campeonato e Taça de Portugal - e a conquista da Taça UEFA.
Se a primeira época no Dragão tinha sido memorável, a segunda foi de apogeu para Paulo Ferreira. É certo que as coisas não começaram nada bem com a derrota na Supertaça Europeia contra o AC Milan, mas maio de 2004 trouxe-lhe vários presentes. Dono e senhor da ala direita do FC Porto de Mourinho, o ex-jogador terminou a temporada com mais uma I Liga e a vitória na Liga dos Campeões. Em Gelsenkirchen, Paulo Ferreira fez a assistência para o golo de Carlos Alberto que encaminharia a vitória portista por 3-0.
Paulo Ferreira em ação pela seleção© Getty Images
Depois de duas temporadas fantásticas na Invicta, Paulo Ferreira recebeu um 'bombom' e teve direito a uma transferência milionária para o Chelsea (custou 20 milhões de euros), acompanhando José Mourinho e Ricardo Carvalho até Londres. Lá encontrou Nuno Morais, que chegara do Penafiel, e o ex-Benfica Tiago Mendes. Foi ao serviço dos blues que se estabeleceu como uma das figuras emblemáticas do emblema de Stamford Bridge.
Antes de se mudar de armas e bagagens para o Reino Unido, Paulo Ferreira contou com uma cereja no topo do bolo. Em 2004, Luiz Felipe Scolari não teve outra hipótese que não chamá-lo para o Europeu em Portugal, que marcou a estreia do cascalense pela seleção nacional. O brasileiro até lhe deu a titularidade no jogo de estreia com a Grécia, mas as coisas correram-lhe mal no Dragão e o selecionador nacional apostou em Miguel nos jogos seguintes. Paulo Ferreira só voltaria à ação quando o jogador do Benfica saiu lesionado na final da Luz, contra o mesmo adversário e que acabou com a derrota das cores nacionais.
No que à seleção diz respeito, Paulo Ferreira esteve ainda no Mundial'2006 (voltou a ser suplente de Miguel) foi titular em quatro jogos do Euro'2008 (no lado esquerdo da defesa) e foi chamado ao Mundial'2010, no qual fez apenas um jogo. A 30 de agosto de 2010, logo após Simão Sabrosa, Paulo Ferreira anunciou que se retirava da seleção.
Paulo Ferreira somou 62 internacionalizações© Getty Images
Terminada a aventura no Euro'2024, Paulo Ferreira mudou-se para o Chelsea. O trajeto em Stamford Bridge foi em decrescendo de 2004 até 2013, quando se despediu do futebol. Num total de nove temporadas em Londres, o ex-internacional português tornou-se um ídolo dos adeptos do Chelsea e conquistou três Premier League, três Taças de Inglaterra, duas Taças da Liga, duas Supertaças ingleses, uma Liga dos Campeões e uma Liga Europa.
Depois de quatro épocas de utilização regular no Chelsea, Paulo Ferreira ou a ser uma opção de recurso a partir de 2007, primeiro para José Mourinho e depois para Avram Grant. O protagonismo já não era o mesmo do outros tempos, mas o cascalense foi-se mantendo em Londres pela dedicação. A 19 de maio de 2013, disputou o seu último jogo da Premier League contra o Everton. Após a partida foi muito saudado pelo adeptos e anunciou que se iria retirar no futebol. Mas não ficou longe das quatro linhas.
Paulo Ferreira disputou 217 jogos pelo Chelsea e marcou dois golos© Getty Images
A ligação ao Chelsea manteve-se fora das quatro linhas. Paulo Ferreira foi nomeado diretor de relações institucionais e ficou ainda responsável por acompanhar os jogadores cedidos pelo clube londrino. Mas as saudades da relva eram muitas.
Depois de largos anos radicado em Londres como observador do Chelsea, o cascalense foi contratado como treinador-adjunto do Lille, juntando-se à equipa técnica do compatriota Paulo Fonseca. Os dois rumaram ao AC Milan em 2024/25, mudando-se de novo para a Ligue 1 já está época e para os ses do Lyon. É em França que prossegue atualmente.
Todas as semanas o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'O que é feito de...?', que pretende recordar o percurso de algumas personalidades do mundo futebolístico que acabaram por cair no esquecimento.
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